Por quê? Porque, porquê.
Parece que toda nossa vida se resume em perguntas e toda nossa história se resume em respostas. Parece também que todos os nossos sonhos se resumem em justificativas, numa procura inesgotável por algo e muito mais por alguém que nos complete, que compartilhe os mesmos sonhos, o mesmo sol, a mesma lua e, o mesmo coração.
Questionamentos dos mais variados tipos nos assolam e nos assombram a todo instante durante nossas vidas, permitem-nos fugir de nossa realidade e, ao mesmo tempo em que nos faz retornar ao solo costumeiro de andanças e lutas, faz-nos almejar um momento futuro repleto de esperanças e fantasias, dos sonhos de uma noite de primavera borrifados com o farfalhar doce e quimérico das luzes sorridentes e, dos olhares brilhantes do desejo almejado.
São as perguntas que nos faz querer voar de desejo e liberdade, esconder-nos de medo da resposta, do pavor da certeza e da incerteza criada por nosso pranto. É tanta cautela e coragem, medo, coragem, pavor, pranto que estagnamos naquele instante secular, monstruoso e destruidor.
Depois que somos levados a um universo paralelo e distinto, somos trazidos de volta ao solo comum por uma torrencial de respostas. Não interprete torrencial de respostas aqui como um falatório, observe-o como algo mais intrínseco do que externo, por exemplo, ao recebermos um simples não, dentro de nós uma série de respostas é acionada como arma disparada, “eu disse, eu sabia, ai como eu sou idiota, como eu fui imaturo (a), como não pude perceber que era assim, tinha certeza”, são reflexões que em verdade respondem a todo e qualquer questionamento que outrora fora feito, uma certeza surda.
As respostas agora nos levam a um mundo mais sólido, a depender da mesma, ou para um universo mais interior, medonho e nefasto. Mas não era uma resposta que esperávamos? Não era um fim de uma tormenta que queríamos? Na verdade é sim, mas ninguém está preparado para ouvir a verdade, queremos sim, imploramos por ela, mas nunca estamos preparados para ouvi-la, é uma apunhalada, uma flechada certeira e envenenada que atinge a alma e não o coração.
Deveríamos ter o mesmo medo para falar a verdade, que temos para ouvir, mas eis aí a diferença, falar não nos faz cair em pranto profundo ou mágoa eterna, falar nos faz ficar vazios e leves, ouvir nos enche muito mais do que com respostas, preenche-nos com palavras, imagens e situações que provavelmente ficarão marcadas, apregoadas em nosso íntimo.
Já parou para pensar no fato de que toda resposta gera outra pergunta? É o famoso POR QUÊ? Uma redoma terrível em busca do entendimento e de uma justificativa que busca não mais responder uma pergunta, mas que nos leve a sentir menos dor, mais alívio e lucidez.
As justificativas ficam entre o responder e o novamente questionar, pois enquanto não estivermos totalmente aliviados, enquanto não externarmos a dor e o pranto, provavelmente não pararemos de tentar encontrar um ancoradouro, um fim lógico.
Pois bem, convivemos com perguntas e respostas, vivemos para consegui-las e padecemos por conquista-las. Mas, quem é mais importante, as perguntas ou as respostas? Certamente as perguntas movem o mundo, porém, são as respostas que cessam a tempestade interior que se forma pela certeza do retorno e a incerteza que nos faz crer no contrário.
Dedicado a Daniele.
Valteones Rios, 07/03/11