Contarei algumas experiências para que possas mentalmente formar tuas próprias decisões e tomar atitudes que venham a te fazer bem, fazer com que vivas e renasça de tuas próprias cinzas.
Decidi de uma hora para outra, nesses momentos em que parece que temos uma epifania divina ou mefistofélica, que toma conta de nosso ser e nos refrigera a alma com brisa tão fresca capaz de nos fazer tocar um universo diferente, algo que nos insita a respirar ares de deidades mil, decidi não deixar nada nem ninguém me fazer mais sofrer, mas já percebeste que só tomamos essas atitudes quando já estamos mergulhados até o pescoço em um sentimento que parece nos machucar? Assim fui eu, estava atolado em tão grande dor que nem eu mais sabia como parar de sofrer, digo-te com propriedade, não foi por falta de vontade tentar sair desse grande fosso, mas quando se trata de nossos sentimentos não temos tanto controle, para controlá-los precisamos e muito treinar, coisa que não fazemos de uma hora para outra, demanda tempo e muito mais do que força de vontade, demanda lucidez e não a temos quando estamos gostando de alguém, ficamos tão aturdidos a ponto de esquecer-nos de outras coisas em nossa volta além de nosso próprio tentar ser feliz.
Já conseguiste entender a ti quando está gostando de alguém? Já parou para tentar entender o que é gostar de alguém? Acho que se fez, foram poucas e vazias vezes, não deve ter conseguido muita coisa, pois se entender a nós mesmos em momentos em que estamos bem já é muito complexo, imagina como seria entender os diversos eus que gritam em nosso íntimo quando somos tocados por algum sentimento?
É preciso que entenda o seguinte, tudo acontece em nossas vidas por questão de permissão, se permitimos que algo aconteça conosco ela acontecerá e muitas das vezes as coisas acontecem de forma que nem sabemos se realmente foi permissão, desígnio ou vontade.
Em verdade, tudo é passado por nosso conhecimento, seja consciente ou não, pois se algo acontece conosco, se sentimos algo, é porque há um grande julgamento de valor nesse aspecto, haverá sempre algo que acontece após outra coisa ter acontecido, tudo depende de nossas ações, uma gerará outra e assim eternamente.
Interessante é que quando estamos irados ou as lágrimas percorrem sem parar o nosso rosto ardido de tanto sofrer, decidimos em segundos que não mais vamos sofrer ou que vamos dar um basta para sempre em tudo o que sentimos, ledo engano, pois depois sempre tornamos a nos encarcerar numa redoma interminável de sentimentos com polaridade negativa, a ausência nos faz sofrer, mas a presença... apenas o ver nos faz mudar de opinião.
Com o passar do tempo e dos sobe e desce que temos, tomamos a decisão final, evadir-nos da realidade, procurar outro lugar para viver em que não há mais presença, em que não se veja mais a pessoa que tanto nos sufoca, provoca e nos faz sorrir, mas, com veemência digo-te meu caro leitor, fugir para não ver é muito pior, pois a pessoa está dentro de nosso peito, encravada em nossa alma e em qualquer lugar a qualquer hora lembraremos com tamanha força que as lágrimas quase nos sufocarão. Ao passar do tempo vamos enxergá-la em tudo o que vemos ou tocamos, rostos nas ruas a esmo parecerão, perfumes e músicas do nada nos farão recordar. Fugir só aumenta a dor e nos deixa mais fracos, até certo ponto somos tomados de tal dor e sofrimento que só acordaremos quando aprender a nos amar.
Por outro lado a fuga parcial não é de mal parecer, é preciso nos ensinar a viver sem a presença e precisamos nos educar em relação aos nossos sentimentos aspirantes. Antes de qualquer coisa, precisamos desenvolver nosso amor próprio, pois quando o amor que desenvolvemos por causa dos outros nos fere, precisamos de um mastro seguro dentro de nós para nos proteger e nos dar sustentação.
Parece ser loucura esse tal de amor, assunto muito difícil para se falar, mas, sobre amor não se fala sem se ter sentido, é algo que só se sabe o que realmente é quando se sente, quando cai em profundos laços do querer e do não ser gostado. Precisamos então diferenciar amor de outros sentimentos tão desastrosos.
É comum sempre ouvir eu te amos de todas as espécies e de todas as pessoas, mas pense bem, todos eles são verdadeiros? Eles todos são realmente sentimentos, ou apenas são iscas? Corações machucados procuram remédios e palavras doces conseguem amainar dores imensas, as pessoas usam dessas armas para se aproveitarem de nós, pois nesse instante somos como um inseto mudando de casca, ficamos frágeis a tal ponto de acreditar que nunca mais será da mesma forma que antes e com certeza não será.
Deve estar pensando no que muitos de nós pensamos, falar é fácil, não é em sua pele, por isso que usa palavras e jorra ideias a esmo sem limite ou sem aparente solução. Digo-te caro leitor, trato de experiências pelas quais passei e tento desesperadamente aprender a conviver com as dores e meus medos.
Venho aprendendo tanto que me sinto ora renovado, ora com medo de perder a identidade, é isso mesmo, há mudanças que mais parecem uma implosão.
A vida inteira tive medo de aproveitar o que as pessoas e o mundo podem oferecer, hoje tenho medo das ofertas, fobia de certas novidades, mas aprendi que toda vez que quisermos fazer algo, devemos emergencialmente colocar em prática, pois arrependimento ficou apenas para os masoquistas e os fracos. Arrependa-se apenas daquilo que não fez e não daquilo que teve a ousadia de fazer.Valteones Rios
