sábado, 23 de abril de 2011

Quero viver

Quero viver






Eu quero viverrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr! Gritei entre dores, lágrimas e agonia.
Não sei o que está acontecendo comigo, será que todo mundo consegue enxergar algo que está invisível para mim? O que será que todo mundo vê em meu olhar que as deixa triste?
Não sei, perdi o controle de meus pensamentos e estou a cada instante que passa caindo mais e mais em um vazio dentro de mim mesmo, tenho medo de me ver por dentro, pavor de me conhecer.
Por que será que estou tão triste, alguém consegue, por favor, me explicar? Não sei o que está acontecendo com minha alma, com meu dia, com minha vida, preciso de respostas e só consigo ouvir o silêncio.
Meu silêncio faz meu coração calar e minha razão emudecer. Meu lamento faz o sol que existia em meu sorriso virar um borrão no céu criado por meu existir.
Meu peito dói tanto, minha alma arqueja de tanto chorar, meus olhos não conseguem mais enxergar o brilho da lua, lua, tão serena e tão impiedosa.
Preciso me acalmar ou terei uma síncope aqui mesmo, sentado nesse lugar cárcere, nessa redoma impenetrável. Meu Deus, sei que não me abandonaste, mas parece que eu me abandonei!
Perdi o rumo de minha vida e a direção da realidade, ponho-me diante de meus medos e escondo-me de meu olhar, sou meu maior pesadelo e meu maior questionamento.
Por que será que nesses momentos nada nos vale, nada nos reconforta? Preciso de um emplasto, abraços não servem mais, na verdade abraços nunca são demais, mas, onde estão eles? Parece que as pessoas que aqui estavam fugiram para seus mundos, para os pequenos asteroides onde vivem, para os lugarejos em que vivem e chamam de universo. Se soubessem vocês o que é sentir o universo inteiro chorando dentro de te, caso sentisse a dor de uma centena de pessoas borbulhando em teus poros, tenho certeza que estaria louco.
As lágrimas rompem meu silêncio e a barreira de meus olhos. Será que estou apaixonado? Mas como é possível estar apaixonado sem ter por quem estar apaixonado? Será que estou com ódio? Mas como é possível estar com ódio se em minha cabeça não vem o rosto de ninguém? Será que estou louco? Mas como estarei louco se consigo raciocinar e falar a meu próprio respeito lucidamente?
Essas perguntas estão me matando, torturam-me aos poucos e desconstroem minha sanidade, acho que vou sair gritando para o mundo inteiro ouvir, para o mundo inteiro saber que estou doente por dentro, estou me matando aos poucos e não sabia, estou me dilacerando aos poucos e não me dei conta. A vida inteira vivi para fazer os outros felizes e a minha felicidade sequer passou pelas mãos alheias.
Socorro, alguém me ajude, por favor, alguém me dê um abraço, preciso de um ombro amigo, preciso de um amigo.
Não sei mais o que fazer, sou jovem demais em corpo, mas coexisto com minha velhice mental, com uma velhice na alma que nem sei de onde vem; acho que deixar de viver será a melhor solução. Calma! Não é o suicídio que farei, quero viver ainda para sentir que essa tempestade acabou, refiro-me à morte dos vivos, o esquecimento.
Não entendeu nada do que escrevi? Tenho certeza que não, mas o desabafo que fiz fez mudanças profundas em meu peito, acalmou um pouco minha alma, chorei e choro, eu chovo costumo dizer assim, mas as lágrimas não estão mais dando conta de transbordar essa dor que parece nascer de dentro de mim, ela se agiganta em proporções incalculáveis e me diminui em proporções inimagináveis.
Sou eu, simplesmente eu e meus medos. Tentar entender- me será um sortilégio, entender-me será teu maior mistério. Não tente, senão teus olhos vão chorar, não de tristeza, mas de pavor.

Valteones Rios, 23/04/11
Dedicado a mim mesmo.