sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A verdadeira canção do amor


Os enamorados que se vêem e se falam têm a felicidade do amor; os que vivem separados têm duas felicidades: a do amor e a da esperança.
(Severo Catalina)

É tão reconfortante um dia depois de uma longa espera e de longos momentos de dores e incertezas, perceber que há alguém em quem confiar e saber que alguém confia até a própria vida a nós.
Parece que uma névoa de pesados sentimentos sai de nossos olhos e retira um peso incarregável e inimaginável de nossas almas, é o dissipar de nossos pesadelos, construídos pelo medo da solidão e a brutalidade de nossos momentos fúnebres, aqueles que construímos em um segundo por causa de uma indecisão ou falta de resposta.
Ao encontrarmos algo que nos completa e nos impulsiona a outro ancoradouro, passamos a perceber que há beleza até na própria fealdade da escuridão de nossos medos e na obscuridade de nossos desejos. Já percebeu o tanto que ficamos tontos quando encontramos alguém em quem podemos confiar, e a quem podemos compartilhar todas nossas fraquezas? É tudo por causa de tanta solidão e desejo presos que ficamos tão frágeis e sensitivos? Ou será que é o céu que se aproxima mais de nossas almas? Suspiros, brilho ígneo no olhar, sorrisos. Vida!
É tanta alegria contida que de uma hora para outra começamos a criar medos e montanhas capazes de encobrir o brilho solar de um sorriso e de um imenso instante de silêncio e contentamento, esse medo perverso e incontrolado ultrapassa nosso corpo e sai por nossos olhos, cristalino, amargo, impiedoso e ardente, parece até que deixamos de viver em nosso corpo ou estamos sendo esmagados aos poucos por uma dor e uma angústia maiores do que nossos desejos de estar cada vez mais perto.  Mas é no íntimo que nasce um ímpeto de alegria contida, extraída de momentos tão eternos e vividos no presente, tão ferozes e saudosos que nos arrancam da melancolia e nos jogam em um imenso jardim regado não mais por lágrimas de tristeza, mas por lágrimas de felicidade e desejos perenes, possíveis.
É por causa de um sorriso que acordamos e percebemos que o sol está brilhando mais forte e ardente, é por causa de um pequeno momento de presença que os nossos nervos enlouquecidos tiritam de frio e praguejam de calor em poucos segundos, são instintos animalescos e das deidades adormecidas em nosso íntimo que florescem e fazem com que nossos olhos relampejem e cantem aos ventos nossa felicidade.
Estar enlouquecido por tão pouco sentir é explodir internamente porque um universo se constrói dentro de nosso poderio. Amar é superar até nossos desígnios como humanos, pois passamos a ser divindades quando estamos unidos por um único sentimento, estamos fundidos por tal força que nos eleva às alturas celestes de um universo nunca antes desbravado por nosso pensamento, mesmo que antes sentido, nunca será igual em nenhum aspecto. Mundo novo, irreal, fantástico, mas sentido e inesquecível.
Ao perceber que o amor tomou conta de nosso peito, de nossa vida e até de nossos estímulos e instintos, esquecemos de que o mundo que nos cerca existe, é em nós que há o importante e necessário mundo, dentro de nós, apenas e inteiramente dentro de nós.
Não há distância ou lugar em que não podemos pensar a respeito de nossos momentos ímpares, não há motivo que não nos leve a pensar em futuros instantes, presentes em nós por toda uma eternidade. Toda e qualquer distância que separa os corpos, jamais separará os corações de quem está apaixonado, há sinergia e essa energia nos move para o paraíso.
É preciso crescer para comportar tanta coisa coexistindo dentro de nós com um sentimento que de tão forte e avassalador nos deixa em cheque, ao mesmo tempo que achamos ser a verdade indubitável, deparamo-nos com uma incerteza cruel trazida à tona pelo mundo que nos cerca, são olhos e bocas que gritam e mostram a realidade não palpável a nossos desejos.
Aquele que nunca amou ou não sentiu na pele o fogo viperino e avassalador da paixão, jamais conseguirá entender ou sequer perceber os quão valiosos e poderosos são nossos próprios sonhos. A partir de algo que externamente nos propicia uma bela paisagem, faz crescer internamente o paraíso tão infinito quanto as vezes que podemos gritar um eu te amo.
Se o céu fosse um grande papel e toda água que existisse no planeta fosse tinta, ainda não seria suficiente para registrar no universo o amor que da pura verdade fez renascer um novo e imenso mundo, ali, bem pertinho de nós.
Amar é dádiva tão divina que ultrapassa a nossa compreensão.
Dedicado a meu Israfel.
Valteones Rios, 19/02/11

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