Pássaro de grande estirpe

Eu sou aquilo que os meus desejos sonham em ser e, aquilo que meus pensamentos, após reflexão decidem seguir.

Sou tagarela, inteligente, comportada, sou menina, mulher e criança;

Sou simplesmente tudo aquilo que está dentro do normal, mas,

Quando penso, decido, quando procuro,

Demonstro que de dentro de mim sai sempre uma heroína capaz de lutar consigo mesma,

Capaz de honrar a própria sabedoria crescente ao redor;

Sei ser carinhosa e áspera, consigo rir com as lágrimas presas entre dentes,

Mas quando não há nada nem ninguém presente

Desabo-me em prantos e afogo todo o desejo que pensava nutrir, mas percebo que o céu é meu,

Ele não é maior de que meus sonhos, nem tampouco eu sou maior do que eu mesma,

Convivo com um eu e eu mesma.

Sempre imaginei conhecer o EU, mas percebo que só reconhecia o eu mesma,

Quando, de repente e sem precedentes, o Eu a eu mesma foi apresentado e não sei, não consigo explicar,

Como dentro de mim pôde e existia alguém tão cruel como o EU, inerente a mim mesma.

Rasgou meu peito diversas vezes, dilacerou minha vida aos poucos e, como se não bastasse,

Ouvia-o rir dentro de mim.

Não sou fraca, tampouco forte, muito menos conivente,

Sou apenas um pássaro de grande estirpe, linhagem essa construída por minhas próprias experiências e desejos em ascendência.

Sou apenas uma menina que aprendeu a ser grande quando é necessário ser pequena.

Sou apenas um ser que sai da normalidade e adentra em um mundo límpido e claro chamado ORIGINALIDADE.

Meus mestres me ensinaram a ser uma asa, a ser uma ave,

Mas na vida, alguém me ensinou a ser o voo, a ser liberdade.

Ensinou-me a crescer dentro do interior de meu interior e, por causa de palavras tão sabiamente pronunciadas,

Tornei-me quem sou e tornar-me-ei quem eu serei

Não mais apenas um pássaro de grande estirpe, mas a liberdade do voo e a saudade de um tempo em que eu fora plenamente feliz.

Valteones Rios dedicado a Evellyn.

Várzea da Roça – BA 07/09/10